terça-feira, setembro 26, 2006

O que não vamos ver no Gerês

Entre os dias 27 e 29 de Outubro de 2006 será realizado um passeio fotográfico ao Gerês. Um evento desta natureza requer naturalmente uma preparação prévia minuciosa, o que leva a explorar muito para além daquilo que constará no programa oficial. Há que seleccionar o essencial, o que obriga a deixar de fora vários locais de interesse. Neste artigo será dada uma mostra desses locais que foram eliminados por serem de difícil acesso ou encontrarem-se a uma distância demasiado longa.

Um dos locais onde se prevê uma paragem será na Portela do Homem, para depois nos embrenharmos na mata da Albergaria seguindo, de início, junto à estrada principal que liga à Portela de Leonte, na direcção sul. As imagens seguintes foram tiradas num percurso alternativo, sempre a subir, no sentido sudeste.



Mata de Albergaria.



Ao fim de algum tempo a subir, avista-se ao cimo um posto de observação, o que é sempre um bom presságio para um bom spot. O verdadeiro esforço iria começar, restava saber se valeria a pena.

Posto de Observação sobre a Mata da Albergaria.



Chegado ao topo, a vista estava ainda tapada pelos arbustos. Fui chamado pelo guarda-florestal para subir até ao cimo do posto e apreciar a vista daí resultante sobre a barragem de Vilarinho das Furnas. Foi também uma excelente oportunidade para falar com um natural daquelas paragens que as conhece como poucos.

Barragem de Vilarinho das Furnas.



Em outra ocasião foi-se à procura da Ponte da Misarela. O Parque Natural de Peneda-Gerês está recheado de barragens, como esta de Salamonde, a caminho da Misarela.

Vista da Barragem de Salamonde.



Apesar de haver múltiplas indicações para chegar à Ponte da Misarela, não foi sem alguns percalços que se fez a aproximação ao local, percorrendo alguns caminhos bastante estreitos e acidentados. A estrada, mais ou menos alcatroada, apenas existia até esta casa.

Em busca da Ponte da Misarela, o fim da civilização.



A placa para a Ponte indicava depois para uma via de terra batida. Durante uns poucos quilómetros seguiu-se com dificuldade, até onde foi fisicamente possível ao automóvel. Dali para a frente a descida foi a pé. Apesar de ainda ser pleno Verão, algum colorido do Outono já se fazia sentir.

Em busca da Ponte da Misarela, o Outono a despontar.



Finalmente avistou-se a Ponte da Misarela em baixo. Trata-se de uma construção medieval a que se associam lendas de fertilidade. Em termos mais terrenos, foi por aqui que passou uma retirada de uma das invasões francesas. É também conhecida pelos locais como Ponte do Inferno ou Ponte do Diabo. Foi também uma oportunidade para fotografar algumas das cascatas.



Ponte da Misarela.



Por último, uma ida à remota aldeia de Pitões das Júnias, que de tão remota que é teve se ser eliminada como opção, pelo menos desta vez. Pelo caminho, umas curtas paragens junto a algumas aldeias próximas da Barragem da Paradela. Infelizmente, neste momento não é possível fazer uma identificação precisa de quais são.


Aldeias junto à barragem da Paradela.



Pitões das Júnias situa-se num planalto de granito a poucos quilómetros de Espanha. O território havia sido consagrado à Senhora das Unhas, o que degenerou para Júnias. Terra conhecida pelos Invernos rigorosos, pode-se comprovar que o Verão é também abrasador. Se juntarmos a isto o isolamento da aldeia, fica explicada a forte emigração. Recentemente, como vem acontecendo em vários pontos do país, há um surgimento de turismo rural.

Pitões das Júnias.



Existe um percurso delineado, de cerca de 4 km, que começa no cemitério da aldeia e passa pelo Mosteiro de Santa Maria das Júnias. Trata-se de um monumento do século XII, que mesmo estando à espera da sua aparição, espanta pela sua localização remota à beira de um riacho.



Mosteiro de Santa Maria das Júnias.



O restante percurso saiu fora do trilho definido, o que causou um atraso de pelo menos duas horas e uma boa meia dúzia de quilómetros extra tentando descortinar passagem entre a vegetação densa das montanhas. Após muito esforço lá foi possível retomar a sítio seguro, ainda com a possibilidade de captar uma imagem distinta da aldeia. O final do percurso, feito em grande esforço, em subida, com um calor golpeante e com toda a água já esgotada, ainda deu oportunidade de apanhar uma manada típica da região.



De volta a Pitões das Júnias.

Texto e imagens de Mário Chainho.

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