segunda-feira, março 20, 2006

Passeio fotográfico a Évora e Monsaraz

Realizou-se nos dias 17 e 18 de Fevereiro o primeiro passeio fotográfico organizado pelo Núcleo de Fotografia do CCDTMN. Os destinos escolhidos foram Évora e Monsaraz, locais cheios de história, monumentos e toda uma série de pequenas e grandes coisas a descobrir. O passeio iniciou com uma sessão de fotografia nocturna no dia 17, junto ao aqueduto Água de Prata. Dos seus 8 km, umas escassas arcadas ficaram registadas.

Aqueduto Água de Prata, por António Pereira.




O percurso nocturno seguiu dentro das muralhas de Évora, directo ao Templo Romano, que não podia deixar de ser um dos pontos de paragem. A lua erguia-se por entre as colunas coríntias, únicas em Portugal.


Templo Romano, por Miguel Marques.


Próximo dali encontra-se a sé-Catedral, porventura o principal monumento de Évora. A partir de uma planta Romana, a construção é de estilo gótico terminada a sua estrutura no século XIII. Aquela que é a maior catedral medieval em Portugal, recebeu contributos arquitectónicos no seu interior até ao século XVIII. As câmaras registaram apenas pequenas partes do Catedral, que como um puzzle, exige um sem número de imagens para dar uma ideia aproximada de si.


Sé Catedral, por Pedro Sequeira.



Sé Catedral, por Carlos Muralhas.


Contornando a Catedral vai-se ao encontro do largo das Portas de Moura e a sua Fonte Renascença, do século XVI.

Portas de Moura, por Mário Chainho.

No dia seguinte o encontro foi marcado, ao início da manhã, no Jardim Público junto ao Palácio D. Manuel. Lá se pode encontrar a estátua de Vasco da Gama, um coreto, pequenos lagos e café, para alegria de muitos. Mas procurando mais a fundo encontramos umas ruínas e alguns pavões que serviram durante largos minutos para praticar os enquadramentos.


Ruínas no Jardim Público, por Ana Pereira.


Pavão no Jardim Público, por António Pereira.

Mais pavões,por António Pereira, fazendo lembrar as imagens de David Hockney.

Logo a norte do Jardim Público encontra-se a igreja de S. Francisco. O início da sua construção de-se a partir de um modelo gótico mas completou-se np período manelino. Contígua à mesma encontra-se a famosa Capela dos Ossos.

Igreja de S. Francisco, por Mário Chainho.

O percurso seguiu em direcção à Igreja da Graça, um dos primeiros monumentos da renascença em Portugal. Sobre as pilastras existem quatro estátuas, duas de cada lado, conhecidas como “Os Meninos da Graça”, atribuídas a Nicolau Chanterene. A tradição diz que são a representação dos primeiros mártires da Inquisição queimados em Évora em 1543. O monumento, inicialmente planeado para ser o panteão de D. João III, chegou a ser aproveitado, em parte, para uma fábrica de rolhas de Cortiça.


Igreja da Graça, por Ana Pereira.

Entrou-se depois no núcleo principal do centro histórico, onde se aglomeram a Universidade, o Palácio dos Duques do Cadaval, o Convento dos Lóios, a Sé Catedral e o Templo Romano. Interessante ver em baixo como um pormenor da Catedral, visto por duas pessoas diferentes em dois períodos distintos produz resultados tão díspares.


Pormenor da Sé-Catedral, por António Pereira.


Mesma zona da Sé-Catedral, por Mário Chainho.

A meio caminho entre a Sé-Catedral e o largo das Portas de Moura encontra-se a casa do cronista Garcia de Resende. O elemento que mais se evidencia é a sua janela manuelina, construída em mármore e granito, atribuída a Diogo de Arruda.



Janela Garcia de Resende, por Mário Chainho.


O Templo Romano mereceu as mais diversas abordagens. Nas três fotografias seguintes pode ver-se como com um pouco de imaginação se consegue fugir à imagem banal que incontáveis amadores registem diariamente neste local. A primeira imagem de Carlos Muralhas, obtida na sessão nocturna mostra uma abordagem mais artística onde incluiu em primeiro plano estátuas presentes num jardim próximo. A segunda imagem do mesmo autor obtida a partir de um ponto de vista pouco comum, não permitiria, se mostrada isolada, identificar imediatamente o Templo Romano. A terceira imagem teve um tratamento digital que faz lembrar o uso do filtro infra-vermelhos.

O Templo foi construído no Século I, em estilo coríntio. Estudos recentes inviabilizam a tese que se tratou de uma construção dedicado a Diana, à deusa romana da Caça, mas sim um santuário consagrado ao imperador.

Templo Romano como cenário de uma noite romântica, por Carlos Muralhas.


Uma abordaem menos explícita do Templo Romano, por Carlos Muralhas.


O Templo Romano como se tivesse sido visto por um filtro de Infra-vermelhos, por Mário Chainho.

É um lugar comum dizer que o Alentejo está envelhecido. Mas não foi com intenção de mostrar isso que as imagens seguintes foram obtidas. Se os velhos podem ter saudades do vigor físico da juventude, os jovens parecem invejar a serenidade dos mais experientes.


Velho à porta de uma farmácia em Évora, por António Pereira.



Imagem de Pedro Sequeira.


O percurso em Évora veio terminar na Praça do Giraldo. No local encontra-se uma fonte Henriquina que é considerada monumento nacional e a Igreja de S. Antão. A praça é o centro urbano de Évora, onde se realizaram as mais diversas cerimónias sagradas e profanas, incluindo alguns autos de fé. O almoço decorreu no restaurante “O Antão”, que merece destaque pelo seu excelente serviço e gastronomia à altura.


Praça do Giraldo, por Pedro Sequeira.


Alguns elementos do grupo apanhados desprevinidos na Praça do Giraldo, por Pedro Sequeira.


Almoço no restaurante "O Antão", António Pereira.

Na parte da tarde ainda houve tempo para um curta visita à vila de Monsaraz (mas eterna aldeia histórica). Trata-se de uma das mais antigas povoação do sul do país, com ocupação desde tempos pré-históricos. Por se situar em local elevado junto às margens do Guadiana, a sua importância estratégica foi reconhecida pelos romanos. O local foi sucessivamente ocupado por visigodos, árabes, moçárabes, judeus e a seguir à reconquista foi cristianizado. Uma paisagem invulgar de xisto e cal, onde surpreende a existência de uma pequena Praça de Touros.

Monsaraz, por Carlos Muralhas.


Rua de xisto em Monsaraz, por Ana Pereira.


Vista da Torre de Menagem de Monsaraz, por Mário Chainho.



Monsaraz capturada por Ana Pereira.


Nos tempos mais recentes, a paisagem envolvente começou a ser dominada pela albufeira de Alqueva.


Imagem panorâmica a partir de em Monsaraz, por António Pereira.



Albufeira de Alqueva vista de Monsaraz, por Miguel Marques.



Monsaraz está também cheia de pormenores a pedir a sua descoberta. Uma pequena amostra finaliza o artigo.

Um mar de cores, descoberto por Pedro Sequeira numa loja em Monsaraz.


Placa dos correios em Monsaraz, por Miguel Marques.


Uma cruz como janela, por António Pereira.


Lamp on Cloudy Day, por Carlos Muralhas.


Uma textura quase palpável captada por António Pereira.

Texto de Mário Chainho.


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