terça-feira, outubro 24, 2006

Luzboa 2006

Entre 21 e 30 de Setembro de 2006 realizou-se a segunda bienal Luzboa. Na essência deste evento está um passeio pedonal de cerca de 3 km entre o Príncipe Real e o Largo de Sto. António da Sé, composto por troços contíguos de iluminação vermelha, verde e azul. Ao longo do percurso estiveram presentes exposições e instalações de autores internacionais mas expressamente concebidas para a cidade de Lisboa. Este artigo mostra um pouco do que se viu no dia 28 de Setembro, não sendo naturalmente exaustivo.

O primeiro troço vermelho estende-se desde o Príncipe Real até à Praça Luís de Camões. Já adiantados na hora, parámos em primeiro lugar no Largo Trindade Coelho, onde se encontrava um abrigo em madeira concebido por André Banha. Subindo ao mesmo e avistamos a estátua do ardina ali mesmo ao lado, tendo sido objecto de alguns ensaios fotográficos.

Imagem de Mário Chainho.


Imagem de Pedro Ramos.


Descemos rumo ao Chiado e o próximo tema a suscitar interesse foi o cenário frente ao Teatro da Trindade. Num evento como este temos sempre que nos adaptar às condições existentes, pelo que se não podemos mudar o cenário podemos, isso sim, mudar o nosso ponto de vista sobre o mesmo. Uma imagem comum iria captar as luzes em sequência frente ao teatro com algumas viaturas a destoar. As duas imagens seguintes tentam contornar isso, a primeira com um ponto de vista mais alto e restrito, a segunda utilizando o topo de um automóvel como um espelho deformado.

Imagem de António Pereira.


Imagem de Mário Chainho.


A primeira instalação do percurso verde explanava-se nas costas da estátua do Chiado. Catherine da Silva, francesa de origem portuguesa, apresentou um trabalho baseado na Calçada portuguesa, com projecções dos conhecidos motivos sobre as fachadas dos edifícios.

Imagem de Mário Chainho.


Imagem de Mário Chainho.


Continuando a descer para os Armazéns do Chiado, próximo da Bertrand a nossa atenção foi suscitada por mais uma exposição. Subimos os degraus até ao Pátio Garret e deparámos com a exposição Demopolis, do grupo português Moov. As várias tendas espalhadas, de forma aparentemente aleatória, espelham o mosaico humano que se encontra nas cidades, onde os indivíduos são pequenos microcosmos ocupando fracções do espaço cada vez mais curtas sem no entanto perderem a sua individualidade.

Imagem de António Pereira.


Imagem de Pedro Ramos.


Imagem de Pedro Ramos.


Imagem de António Pereira.


Continuando o percurso, começamos a interrogar-nos se não havia nada de diferente nos Armazéns do Chiado. Rápidas figuras percorriam as fachadas e duvidamos se seria uma sessão de cinema. Ao chegarmos mais perto percebemos serem imagens de um jardim virtual. Tratava-se da exposição Sur-Nature, do artista mexicano radicado em Paris, Miguel Chevalier.

Imagem de Mário Chainho.


Já a descer a Rua Áurea estava o grupo de Fernando César Vieira e Cynthia del Mastro (nascidos no Brasil e radicados na Alemanha) com a Parada de Luzes. Seguimos em perseguição das personagens vestidas de luz, que misturavam dança, coreografia e música.

Imagem de António Pereira.


Imagem de Pedro Sequeira.


Imagem de António Pereira.


Imagem de Pedro Ramos.


A última exposição no troço verde esteve a cargo do grupo português Extra ]muros[, com o trabalho Art gets you trough the night II, com novas projecções de luz que tentavam recriar um ambiente natural.


Imagem de Pedro Sequeira.



O início do troço azul estava um pouco oculto. Seguindo pelas Escadinhas de São Cristóvão encontramos talvez a mais original instalação de luz e som, do colectivo belga Het Pakt, chamada Fado Morgana. Usando como matéria-prima os moradores daquela zona, projectaram-se as imagens dos seus rostos de olhos fechados, enquanto se faziam ouvir as suas vozes gravadas no canto melancólico do fado.

Imagem de António Pereira.


Imagem de Mário Chainho.


Imagem de Pedro Sequeira.


Imagem de Pedro Sequeira.


Imagem de Pedro Ramos.


No Santiago Alquimista, Bruno Jamaica apresentou o seu trabalho A Gaiola do Pássaro tem Luz Artificial, baseado em fitas elásticas com um fundo de luz.


Imagem de António Pereira.


No Largo das Portas do Sol, Gerald Petit, de França, apresentou-nos o trabalho Nightshot #2, que aqui se transfigura nas cores oficiais da bienal.

Imagem de Mário Chainho.


O troço azul terminava no Largo de Sto. António da Sé. Foi um culminar em grande nível porque, provavelmente, foi aqui que se consegui obter a melhor imagem da noite, num ambiente de monumental recato “invulgarizado” pelo azul nascente.


Imagem de António Pereira.


Texto de Mário Chainho, baseado no site http://www.luzboa.com/.

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